sábado, 25 de maio de 2013

Médico analisa o futuro da cirurgia robótica no Brasil

Ciência e Tecnologia

Médico analisa o futuro da cirurgia robótica no Brasil

Especialista Vipul Patel deu entrevista ao JB após participar de Jornada Científica no Rio 

O médico indiano Vipul Patel, especializado em cirurgias urológicas através de robôs, veio ao Rio para participar da Jornada Científica Internacional em homenagem aos 55 anos de carreira do doutor Pietro Novellino, no auditório da Amil, na Barra da Tijuca. Dono do Instituto de Robótica Global, ele vem repassando seus ensinamentos a médicos de todo o mundo, incluindo brasileiros. Em entrevista ao Jornal do Brasil, Patel fez uma análise do desenvolvimento da cirurgia robótica dentro do país e explicou os benefícios que esse tipo de procedimento traz aos pacientes.
Patel fez uma análise do desenvolvimento da cirurgia robótica no País 
Patel fez uma análise do desenvolvimento da cirurgia robótica no País 
 JB: Como você define o desenvolvimento científico e tecnológico da cirurgia de abdomem com especialidade urológica no Brasil?
 - A introdução da cirurgia robótica no Brasil irá revolucionar o modo com que a cirurgia é feita e maximizar os benefícios aos pacientes. O Samaritano, no Rio, e o Nove de Julho, em São Paulo, se comprometeram em aumentar a segurança do paciente, mantendo excelentes resultados ao se juntarem com a minha equipe para aprenderem sobre cirurgia robótica.
JB: Temos informações de que vários médicos brasileiros estão fazendo curso de aperfeiçoamento em seu Centro de Medicina Robótica. Eles estão tendo um bom aproveitamento?
- Nós ajudamos a ensinar a muitos cirurgiões brasileiros a cirurgia robótica, mas somente um foi completamente treinado pelo nosso instituto, Dr. Rafael Coelho, da Universidade de São Paulo e do hospital Nove de Julho. Ele seria considerado um líder no Brasil. Os resultados de seu programa foram muito bons.
JB: Na sua opinião, como o senhor vê a aplicação desse conhecimento por parte desses médicos aqui no Brasil? Que colaboração esses profissionais poderão dar ao país no desenvolvimento da cirurgia robótica?
- Os cirurgiões interessados em aprender sobre robótica no Brasil estão demonstrando muito entusiasmo, similar à paixão pelo futebol. Eles colaboraram muito com minha equipe e com o instituto global de robótica, em Orlando, Flórida. Não só no campo da urologia, mas também em cirurgias no geral e na ginecologia. Tem sido um prazer ajudar e aconselhar tantos excelentes cirurgiões que estão tentando melhorar os resultados dos pacientes de um modo muito nobre.
As equipes no Nove de Julho em São Paulo e no Samaritano mostraram muita coragem e força para aprender a cirurgia robótica. Eles praticaram em um padrão de alta qualidade, incomparável ao que se encontra no Brasil. Nós os treinamos de maneira segura e efetiva.
JB: O senhor acha que a cirurgia robótica poderá se tornar um padrão de procedimento diante do avanço que ela representa em relação à cirurgia convencional?
- Nos EUA a cirurgia robótica é o procedimento padrão para casos de câncer de próstata. Felizmente, isso se repetirá no Brasil. Normalmente o problema encontrado é o acesso restrito aos robôs, e a pouca quantidade de médicos bem treinados e experientes.
 JB: Vários pacientes que nós ouvimos e que passaram pela cirurgia convencional tiveram problemas com a micção descontrolada, exigindo uma nova cirurgia. Pelo que sabemos, esse tipo de problema não existe na cirurgia robótica. Qual a razão do procedimento robótico não ter esse efeito colateral?
- A cirurgia robótica não é sempre necessariamente mais benéfica. A experiência do cirurgião é que determina o resultado, não a máquina. A qualidade vem com a preocupação e cuidado com o paciente e a experiência e conhecimento técnico.
JB: O senhor poderia explicar a diferença entre os procedimentos de cirurgia tradicional e da robótica em termos de tempo de realização dos dois procedimentos e de recuperação dos pacientes?
- A cirurgia robótica é um procedimento menos invasivo ao paciente. Os resultados dependem da experiência do médico, então a chave para entender é que o robô não é a peça mais importante, mas sim o treinamento e experiência do cirurgião. Os pacientes devem atentar à experiência do médico e aos seus resultados publicados.
O Brasil é um excelente lugar, com grandes doutores. É uma honra para nós ajudá-los a aprender a cirurgia robótica. Nosso trabalho irá facilitar uma introdução mais segura desse procedimento aos brasileiros.